segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Enid no Festival do Rio 2011 - Cabin Days II:

No sábado, resolvi tirar um dia sabático. Apesar de me interessar por 2 dos 3 filmes do dia, descansei durante todo o dia, acho que já imaginando as próximas semanas. Com isso pulei diretamente para domingo, com os ânimos da galera ainda agitados pela falta de informação quanto às vendas, que começaram no meio do dia e fez gente debandar noite afora. Esses aqui foram os 2 filmes assistidos no domingo:

* A Árvore do Amor:



  É quase impossível que tenha um Festival do Rio que passe sem uma nova produção de Zhang Yimou. Ano passado tivemos 'Uma Mulher, Uma Arma e uma Loja de Macarrão', e o diretor já tem novo filme, que se bobear espera até o Festival 2012 para entrar em circuito. Esse que acompanhamos na edição 2011 é uma produção do ano passado, elogiado como a grande maioria dos filmes de Yimou, no que a crítica está sempre coberta de razão. Com uma estrutura e delicadeza que lembram bastante um filme seu chamado 'O Caminho para Casa' de 10 anos atrás, esse novo não é tão encantador quanto a obra similar, mas é igualmente emocionante, e seu casal protagonista também é encantador como no antigo.

  O filme mostra a jovem Jing passando por um reeducação estudantil no campo, tarefa que irá contar muito para seu aperfeiçoamento e poderá também contribuir para a sua rápida admissão como professora na mesma escola onde aprende. Sua família precisa desse reforço no orçamento, já que seu pai está preso como 'direitista'. É por isso que o romance que irá nascer entre ela e Sun não é algo a ser comemorado. Ao conhecer Sun na aldeia onde foi estudar, Jing se encanta de cara e vice-versa. Após alguns mal entendidos, Jing e Sun cansam de reprimir seus sentimentos e passam a deixa-lo florescer como a árvore que foi testemunha do início desse amor. Lógico que muitos empecilhos vão existir no caminho deles, e sua mãe não irá apoiar em nada essa situação, mas eles se mostrarão tão fortes quanto o espinheiro do título, batendo de frente com as muitas adversidades que irão se sobrepor a eles.

  A delicadeza típica de Yimou mais uma vez bate ponto, mostrando um viés harmonioso dentro de uma situação onde claramente poderia sugerir desespero e dramaticidade exacerbada. Mesmo sem grandes novidades e com algumas inserções pelo infeliz uso de cartelas para contar passagens absolutamente banais do filme, é impossível não sair tocado pelo romance do casalzinho jovem, que foi baseado numa tristonha história real e que fará muita gente torcer lencinhos nesse Festival.


NOTA: B+

* Corpo Celeste:



  Alice Rohrwacher está estreando como roteirista e realizadora aqui, mas será que ela nunca assistiu outros filmes sobre 'rito de passagem da infância para a fase adulta'? Impossível acreditar que não, e também bem difícil de acreditar que a diretora novata não tenha percebido a quantidade exorbitante de clichês em que mergulhava a cada cena, chegando por fim até a sugerir um arremedo de 'Menina Santa' que faria Lucrecia Martel urrar de raiva.

  O filme mostra a volta para a casa da pequena Marta, que após anos num internato volta para a casa no sul da Itália passando por um turbilhão de acontecimentos. Seus seios começam a aparecer, a menstruação chegou, seu cabelo não lhe agrada; numa menina pré-adolescente, isso é tudo muito grave. Soma-se a isso as implicâncias da irmã mais velha e as aulas de catecismo na igreja católica (que mais parecem aquelas aulas chatas da protagonista de 'Preciosa'), e temos uma pequena alma prestes a explodir. Ou implodir.

  Mais do mesmo, ok. O que não dá pra perdoar é o samba do crioulo doido que o filme se transforma quando Rohrwacher percebe que sua trama só renderia um curta. E aí da-lhe espinafrada na igreja; e da-lhe foco que se abre para outras tramas que não tinham importância alguma até a metade; e da-lhe desperdício de atores e personagens, que entram e saem aleatoriamente ao bel prazer da produção. Vendo claramente o filme naufragar na nossa cara, ainda nos resta engolir um final metafórico/simbólico que a novata nos empurra goela abaixo, nada condizente com o aspecto realista da produção.


NOTA: D-

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