domingo, 9 de outubro de 2011

Enid no Festival do Rio 2011 - Dia 2:

Finalmente! Com a credencial em mãos, tudo fica muito mais tranquilo. Hoje, o Festival parecia um oásis, tudo calmo e animador, tirando o pavoroso engarrafamento até o Shopping da Gávea que me fez quase perder totalmente o humor. Durante o dia, encontros com os amigos e comentários sobre tudo o que vimos até agora (eu, 17 filmes). Vamos aos quatro de ontem?

* Histórias Cruzadas:


Nem precisa chegar na metade pra que saibamos os motivos pelo qual quase 170 milhões de dólares já tenham ido parar na conta desse filme. Uma história verdadeiramente tocante, com um grupo de atrizes simplesmente extraordinário, onde sem exceção alguma todas tem muitas chances de mostrar seu imenso talento. O diretor Tate Taylor, porém, tem pouco talento tanto nessa área como quanto roteirista, e promove uma correria de histórias sem fim, parecendo começar todas na metade e termina-las antes do fim, provavelmente para dar mais tempo de mostrar outras, vindas todas de um livro de sucesso que deve ter ainda muitas mais. Com isso, o filme é a típica 'Sessão da Tarde para senhoras', que irá agradar a todas (e porque não 'a todos' também?), mas que tem pouco material cinematográfico que não seja um retalho de tudo que já foi visto. E aí, da-lhe o grupo de mulheres que ele juntou.

Na trama do filme, mais ou menos tudo passa por Aibeleene, uma empregada do Mississipi dos anos 60, onde o racismo ainda é vivido a flor da pele dela e de suas amigas de profissão. Observando a família onde trabalha e todas as outras de Jackson, Aibee acaba chamando a atenção de Skeeter, uma jovem mulher de volta a cidade ávida por conseguir uma carreira como escritora. Ao observar o universo opressor onde todos ali vivem, Skeeter sugere ela mesma colocar no papel os relatos dessas incríveis histórias de vida, de luta e constante humilhação, conseguindo aos poucos chamar a atenção de todas, mesmo num contexto de medo e vigilância constantes. 

Sinto que nessa sinopse mais que corrida imprimi o ritmo do filme sem querer, já que tudo é muito pincelado e não conseguimos curtir quase nada, um dos problemas cruciais de qualquer produção adaptada de uma obra. E aí o que faz valer a pena a entrada na sessão? Elas. Não vale a pena citar apenas uma, então vamos: Viola Davis, Emma Stone, Octavia Spencer, Bryce Dallas Howard, Jessica Chastain, Sissy Spacek, Alison Janney, Ahna O'Reilly, Cicely Tyson, as pequenas Emma e Eleanor Henry... é um filme de mulheres, feito para mulheres, onde elas comandam o show. Um conselho? Esqueçam o chato aqui, esqueçam muita coisa no projeto, e se entreguem a esse grupo de atrizes muito especial. 


NOTA: C+

* O Fim do Silêncio: 

 
Tenso e agustiante, esse drama francês flerta com o thriller de forma eficiente, deixando a desejar em seu roteiro que abre tanto a situação para parecer algo "natural" e corriqueiro, que ficamos sem saber coisas muito básicas de sua estrutura (qual o parentesco do rapaz que briga o tempo todo com o protagonista?). Exibido na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes desse ano, o filme prende a atenção do início ao fim, embora não seja uma grande experiência. 

Jean é um adolescente típico, ou seja, briga com todo mundo da própria família. Embora as brigas entre eles sejam mais ferozes do que estamos acostumados (com ameaças de morte, demonstrações de piromania, e agressões físicas pesadas), sabemos o terreno onde essa situação nasce. Fruto de uma família desfeita, Jean vive entre pai e mãe que moram próximos, numa região montanhosa da França. Mas quando o carro de sua mãe surge em chamas numa madrugada, Jean é o único suspeito possível e não resta outra saída que não coloca-lo pra fora de casa, o que vai desencadear o processo final de desestabilização moral daquele grupo de pessoas. 

A estreia do diretor Roland Edzard não se pode negar, tem valores e pode apontar uma carreira de sucesso. Mas talvez a ânsia de se mostrar tão relevante de cara tenha feito a pretensão falar mais forte, e aí o filme envereda por uma vibe 'quero ser um terceiro Dardenne', porém com suspense. Só que nem todo mundo tem estofo pra isso, e Edzard precisa ainda lapidar sua carreira. É um bom começo, que nos faz ficar de olho em sua próxima empreitada. 


NOTA: C+ 

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