terça-feira, 11 de outubro de 2011

Enid no Festival do Rio 2011 - Dia 4:

Correria. Ipanema, filmes trocados, Odeon, Centro, Copacabana, textos, compras... ontem o dia foi puxado (como diz Fernando Átila). Mas compensou porque assisti o melhor filme do Festival até agora, e de fato um dos que vão concorrer ao meu 'Premio Ghost World do Festival do Rio' (hehehehehe). Vamos a eles.

* Weekend:


Bem, começando: esse é o melhor filme visto na Mostra Mundo Gay do Festival do Rio. Desse ano. De todos os anos. Continuando? Esse é um dos melhores filmes gays que já vi na vida, e com certeza o mais honesto, sincero e verossímel de todos. O que mais se aproxima do universo que está aí e as pessoas fingem não ver, o mais romântico também... mas muito realista e de grande qualidade. O diretor/roteirista Andrew Haigh está em seu segundo longa metragem, e consegue o que quase ninguém conseguiu até hoje: mostrar um casal gay verdadeiro, com atores e situações incrivelmente reais.

Russell é um solteiro, e tem muitos problemas em aceitar sua homossexualidade. Seus amigos são heteros, ele não é assumido, mas anda por aí pegando tudo e todos (conforme vemos bem lá pra frente do filme), mesmo se sentindo extremamente só. Numa noite após visitar o melhor amigo, Russell vai a boate e se encanta com um rapaz, que parece não querer nada com ele. Após ficar com outro já completamente bêbado, Russell acorda na cama de casa ao lado de Glen, o rapaz que ele inicialmente queria, um gay assumidíssimo e que viva tudo muito intensamente. E a partir desse encontro (que ele nem lembra direito como se desenrolou), Russell e Glen vão viver o tal 'weekend' mais intenso de ambos em muito tempo. Revirando os respectivos passados e fazendo planos para um futuro que está em cima, o casal precisa decidir o que quer daqui pra frente, e isso inclui um ao outro.

Fala sério, quem nunca viveu algo tão intenso em tão pouco tempo assim? Sem nunca esconder que a inspiração está na dupla de obras-primas de Richard Linklater ('Antes do Amanhecer/Por do Sol'), o filme capta um curto espaço de tempo de pessoas que se apaixonam e não sabem se vão ou se ficam. Sem contar nada além disso, deixo todo o prazer de assistir a voces, leitores... e não se enganem, o prazer é muito. E que venha o resto do Festival, porque 'Weekend' está na dianteira como o melhor filme entre todos os 29 que já assisti até agora.


NOTA: A+

* A Novela das 8:


Guardem essa imagem: Claudia Ohana dando show na pista de dança, ou melhor, Claudia Ohana. Ela é pura humanidade no filme de estreia de Odilon Rocha. Fixem nisso (e em outro detalhe, uma virada espantosa da trama), e só. O filme de Rocha tem muitos mais altos que baixos, o que é sempre uma pena em se tratando de filme nacional. E ainda deixa a pergunta: porque um filme com uma pegada tão pop (negativamente falando) está competindo num festival de cinema, quando o filme é apenas pretensão?

O filme mostra a fuga de duas amigas, Dora e Amanda, de São Paulo para o Rio de Janeiro durante o ano de 1978, após um cara morrer durante o ato sexual com a segunda (que é garota de programa). Elas roubam os muitos dólares que o cara carregava e fogem para uma cidade que é o sonho de uma e o pesadelo da outra. Amanda ama 'Dancin' Days' e vem para a cidade maravilhosa com o intuito de viver tudo o que a novela mostra e vende; Dora tem um passado como presa política e fugiu daqui deixando seu grande amor pra trás e um filho que nasceu desse sentimento. Ao chegar aqui ambas irão conhecer outros personagens, como João Paulo, o filho de um médico famoso que acaba de morrer e tem uma vida pela metade, apesar de uma garantia de emprego na ONU. Ao conhecer essas mulheres e 'outro lado' da vida delas, João Paulo vai também mudar a sua.

Bem, o roteiro... repleto de clichês, frases de para-choque de caminhão, personagens que surgem e somem, personagens citados que não dão as caras, tudo muito raso e fuleiro. O elenco, é triste também: tirando Ohana, quase nada é bem dirigido (sim, os atores não estão ruins; estão mal direcionados mesmo). Cheio de closes para esconder a cidade (porque nada mais é como nos anos 70), o filme perde em grandiosidade e fica pobre. Ou seja, como disse lá no inicio, fiquem com Ohana... e com a tal virada de rumo de um personagem, interessante mas que não funciona a contento. A culpa? Mais uma vez, de Odilon Rocha.


NOTA: D-

Nenhum comentário:

Postar um comentário