segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Enid no Festival do Rio 2011 - Dia 3 (Parte II):

Bem, espero que voces entendam. Tá sobrando filme visto e faltando tempo no meu dia. Por isso entrei agora correndo pra atualizar um pouco mais, e colocar como se fosse uma espécie de segunda parte do dia de ontem. O que importa? Bem, tem mais resenhas agora, é isso. Então, mãos a obra!

* Políssia:




Essa moça acima, muito bonita, típica diva do cinema em seu vestido vermelho, se emocionou tanto assim quando ouviu da boca do presidente do júri do Festival de Cannes desse ano (o sr. Robert DeNiro) que seu filme havia acabado de ser nomeado o Prêmio Especial do ano na competição. Não, ela não estava no elenco do filme (apenas); Maïwenn é também a diretora da produção, mais precisamente seu quarto longa como diretora. E sabem do que mais? O juri do festival estava certo. Não vi toda a competição ainda, mas seria muito injusto deixar material tão poderoso quanto esse sair de mãos abanando da mostra. Espero que seus filmes anteriores (não exibidos no Brasil) cheguem perto da qualidade desse, e a julgar por apenas esse, que venham os anteriores e os posteriores também. Incrível é que no filme (como atriz) ela passe tanta fragilidade, e se mostre uma leoa na condução do longa.

O filme mostra o dia a dia da divisão policial francesa de crimes contra a criança e adolescência, principalmente os de origem sexual. Casos assombrosos como os de crianças sodomizadas por avós, aliciadas por tios, mães que masturbam os próprios filhos para acalma-los (!!!!), são jogados na tela sem concessão, medo de arriscar e cheios de impacto. Conduzidos por um elenco excepcional que inclui Karin Viard, Marina Foïs, Joey Starr, Sandrine Kinberlain, Riccardo Scarmarcio, Fréderic Pierrot e muitos outros, o filme tem montagem estonteante, um roteiro que dificilmente sai do lugar e incrível força dramática. Apesar de seco e duro, o filme consegue emocionar vez por outra com um tema que é delicado em qualquer parte do mundo. Um acerto sem fim como esse que a crítica torceu o nariz, mas que DeNiro e cia. tiveram a felicidade  de não deixar passar em branco.


NOTA: A-

* Todas as Canções Falam de Mim:




Incrível como vários diretores estão falando sobre o jovem homem moderno, e sua maior inquietação nos dias de hoje: o medo de ficar sozinho. Tal qual 'Medianeras' e o já comentado aqui 'Bonsai', esse espanhol dirigido por Jonás Trueba vem também mostrar que ninguém quer ficar sozinho nos dias de hoje, e mais uma vez o foco é o masculino. Parece que depois de anos vendo mocinhas românticas americanas correr atrás dos principes encantados, teremos agora uma safra crescente do tal macho latino mostrando fragilidade e insegurança, correndo atrás do que for preciso para ser feliz; acompanhado, lógico.

Ramiro e Andrea namoraram por 6 anos, e durante esse período Ramiro passou de 'um homem inteligente, cheio de planos e projetos' a 'um cachorrinho sem futuro acomodado numa vidinha medíocre'. Talvez por isso Andrea tenha ido embora, e Ramiro passe agora seus dias sem ver muito sentido no que o rodeia. Sem se dar conta, vai passeando pelo que largou durante esse anos e mostrando ao espectador os motivos pelo qual qualquer mulher largaria qualquer homem. E nesse processo, a única coisa que percebe é que há muito tempo não se sentia tão apaixonado por sua ex-namorada.

Sem muito a acrescentar a uma história que está caindo no lugar comum, os pontos a favor do filme vêm exatamente no que citei acima, já que Ramiro literalmente dá de cara com o homem que foi deixando de ser ao longo dos anos, e nunca consegue perceber ou admitir isso, o que geralmente aconteceria. Se houver perdão a Ramiro, muito provavelmente será por méritos que nem são dele, mas que fazem do filme um programa não tão decepcionante quanto parecia a princípio.


NOTA: C+

* Naomi:




Filme israelense com ritmo iraniano e roteiro americano; esse samba do crioulo doido também está no Festival do Rio. Fugi dele nas cabines, mas hoje sem querer ele caiu no meu colo; não queria mesmo ter visto e estava certo, mas no fim das contas nem deu vontade de arrancar os olhos, muito pelas interpretações de Yossi Pollak e Orna Porat, mãe e filho que em dado momento dividem um terrível segredo. O diretor Eitan Tzur vem da TV isaraelense e estreia no cinema aqui.

A trama é tão básica que chega a dar raiva: Ilan é um sessentão casado com Naomi, uma jovem de 28 anos (e sua mãe desde o início aponta que o problema é dele se casou com alguém tão mais novo). Obviamente que a esposa começa a mudar, obviamente Ilan começa a segui-la, obviamente ele descobre que ela está tendo um caso. O cara é mais jovem que ele também, mas também não bate idade com ela; e ouvindo conselhos da própria mãe e sofrendo calado, Ilan resolve procurar o rival e expor o que sabe. A partir daí... o filme fica mais batido ainda.

Um certo sucesso de quase 10 anos atrás americano ('remake' de um original francês) tinha basicamente a mesma trama, excluindo a personagem materna que é o diferencial aqui. Aos poucos vemos o filme chegar ao fim sem qualquer pretensão maior que não a de passar o tempo. Ainda bem que Pollak e Porat embalam o pacote com muita propriedade.


NOTA: D+

* O Pior dos Pecados:




Filme com infinitas possibilidades e que vai jogando todas fora ao longo do caminho, essa adaptação de um célebre romance de Graham Greene é a estreia na direção do roteirista Rowan Joffe, que nunca escreveu nenhuma maravilha e que demonstra aqui que talvez esteja mesmo na área errada. Desperdiçando tudo e todos, ele parte de uma premissa batida mas bem interessante, e vai deixando cada vez mais a situação próxima a burocracia, sem nenhuma imaginação. Não é a coisa mais horrorosa do mundo, mas um 'Supercine' sem nenhuma imaginação.

O filme mostra o jovem marginal Pinkie Brown, um moleque capanguinha de um perigoso bandido. Quando a gangue de seu chefe começa uma guerra com uma rival, Brown mata um desafeto em nome do chefe e desencadeia uma série de acontecimentos sangrentos, exatamente porque esse crime teve Rose como testemunha. Rose é timida, introspectiva e nunca teve namorado, além de trabalhar para Ida, que tinha sido amante do falecido e é a única que parece querer saber a identidade do assassino. Mas Brown seduz Rose e tenta tapar os olhos e as lembranças dela, arremessando-a num turbilhão de acontecimentos cada vez mais violentos e revelando uma face que se desfigura a medida que Ida se aproxima dele.

O promissor Sam Riley (de 'Control') não rende aqui como era esperado, e Helen Mirren mais uma vez escorrega em cena, bastante equivocada e exagerada (como na atuação erroneamente indicada ao Oscar de 'A Ultima Estação'). Se sai muito bem no entanto é a novata Andrea Riseborough, fazendo os que os mais experientes não conseguiram, que é mostrar talento, segurança e preparo num filme que não tem nada de mais (e que já sai diretamente em dvd no Brasil mês que vem).


NOTA: C-

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