quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Enid no Festival do Rio 2011 - Dia 6 (Parte II):

Mais um daqueles dias onde me enrolei e aí as críticas tiveram que ser divididas em 2 partes. Espero que voces não estejam achando muito confuso (hehehehe), mas faço de tudo para manter a galera atualizada desse Festival que é a minha vida. Bem, vamos mais a alguns escritos:

* We Need to Talk about Kevin:






Bem que falaram no Festival de Cannes desse ano, mas é sempre preciso ver pra crer. Não se sabe exatamente como, mas a adaptação do famoso best-seller 'Precisamos Falar Sobre o Kevin' não saiu a contento. Entendam: não chamo de 'ruim', não chamo de 'desperdício de tempo', ou coisas parecidas. Pelo contrário, pode ser que com o tempo eu absorva o filme de forma diferente, mais parecido com o público generalizado que aplaudiu ao fim da sessão do filme hoje (em tempo: é um filme bem fácil de gostar, do tipo que o público médio se sentirá orgulhoso, já que o filme "é denso e difícil". Sinceramente? Nem uma coisa nem outra. Embora eu ache que o filme tenta ser ambas.

A história, a essa altura, já está na boca do povo: Eva e o filho Kevin nunca tiveram lá uma relação normal. Ele desde bebê repele a mãe, que com o tempo entendeu a mensagem e se afastou do filho; por outro lado, parece que Eva não era lá muito preparada pra tal função, e pode ter passado essa insegurança ao filho ainda no colo. O certo é que hoje temos uma tragédia qualquer obviamente cometida por Kevin, e o filme mostra o passo a passo familiar, da gravidez até a tal tragédia, indo e vindo no tempo, para mostrar talvez o que possa ter dado errado nessa relação.

O filme é bem explícito em suas metáforas, e praticamente é vermelho (por motivos óbvios desde o início). Essa obviedade da direção/roteiro deixa escoar momentos que poderiam ser mais sutis, mas o vermelho persegue o filme, e vice-versa. De qualquer forma, o filme não é mal dirigido, e tem soluções visuais muito boas. Menos bem sucedido é o roteiro, quase sempre muito mastigado ao construir essa relação interfamiliar. Tilda Swinton está muito bem, mas ainda acho que sua personagem precisava de mais limpeza do roteiro, ou maior clareza... do jeito que ficou, por algumas vezes parece apenas uma mulher atônita e alheia; John C. Reilly tem pouquíssimo a fazer; e o estreante Ezra Miller é apenas satisfatório. Com uma situação tão evidentemente explosiva, esperava-se que a diretora Lynne Ramsay tivesse em dias mais inpirados. Mas mesmo recorrendo a obviedades, não dá pra dizer que é um filme ruim. Só poderia ser bem melhor.


NOTA: B-

* A Doação:

 
Que ótima atriz essa Elise Guilbault. É das costas dela que veem todo o interesse em torno desse canadense que seria bem pior com outra atriz, possivelmente. Ao diretor/roteirista Bérnard Émond deve caber a escolha dessa atriz sensível e bastante delicada, que tem um papel nada difícil (verdade seja dita), mas com elegância e talento transforma o longa.

A trama mostra um médico adoentado que precisa tirar férias e também tratar da própria saude, e para tanto recebe a ajuda de uma mulher mais jovem que vem da capital para cidadezinha onde ele mora ocupar seu lugar durante esse tempo. O trabalho é relativamente complexo, pois o 'modus operandi' do senhor é delicado: ele gosta de visitar os pacientes de casa em casa, e mesmo no hospital onde dá plantão, é o mais próximo possível, principalmente com velhinhos e doentes graves. A essa mulher, caberá repetir esse passo a passo. Mas aos poucos ela impõe sua cara no projeto, quando o senhor demonstra estar ainda mais gravemente enfermo do que aparentava.

O talento de Guilbault é primordial para embarcarmos numa narrativa quase fria e distanciada, de ritmo lento e contido. O lance é o seguinte: se liguem nela e esqueçam as partes mais arrastadas; conhecer um novo talento é sempre muito bom.


NOTA: C+

* A Tentação:

 
Todo Festival temum filminho fuleiro, das daqueles que fedem mais que cheiram. Não exatamente 'o pior filme' exibido (no meu caso, ainda sigo com 'Ausente'), mas filmes que nem precisariam ser feitos, quanto mais assistidos. Ainda descubro que esse filme foi semi-badalado em Sundance esse ano. Cruz credo, hein meu povo... tá faltando motivo pra badalar. E o erro de 'casting'? Charlie Hunnam de protagonista/anti-herói romântico de qualquer coisa? Liv Tyler de ex-prostituta que virou camareira de hotel? Patrick Wilson de pastor evangélico? Tá puxado...

A trama é uma pobreza (e ainda parece "inspirada" de 'Eu Receberia as Piores Notícias de seus Lindos Lábios') sem fim. Gavin é um gerente de hotel que um dia resolve se matar, sem mais nem menos. O pocial Hollis (Terrence Howard, se salvando do desastre) tem a missão de tira-lo do alto prédio de onde ele pretende se jogar, mas para isso terá de ouvir a história de Gavin, que inclui a paixão por uma camareira do hotel onde ele trabalha, casada com um pastor evangélico. O próprio Hollis está no meio de uma crise pessoal (acaba de descobrir que a esposa lhe deu dois filhos, mesmo sendo estéril), e as vidas de ambos vão se cruzar em recordações e relatos.

Chaaaaaato... como eu disse, não é intragável. Mas é tudo de uma preguiça tão grande, filmado tão sem ritmo (quem é Matthew Chapman???), cheio de diálogos tão profundos quanto um pires, e atuações totalmente no piloto automático, que a gente fica prostrado como os personagens, sem ação ou vida. São Howard é o único a se preocupar com o todo, e passa longe da lista de mortos e feridos.


NOTA: D-

* Querida, Vou Comprar Cigarros e Já Volto:


Taí, um filminho bem simpático. Ainda que o protagonista vez por outro tente por tudo a perder pois é tão derrotista que passamos anos importar cada vez menos com ele, o filme tem diálogos muito espertos e diverte de verdade, com uma interpretação muito boa de Emilio Disi, o senhorzinho protagonista.

Ele chama Ernesto, um cara que nunca fez nada na vida, apenas foi levado pelos acontecimentos a chegar na mediocridade sem fim que está hoje. Casado com uma cabelereira e vivendo se arrastando por aí, nunca fez nada demais na vida, e o pior, nem tinha planos para isso. Agora com mais de 60 anos, encontra num bar um cara que lhe concede um desejo: voltar a qualquer ano de sua vida, e em troca ele receberia 1 milhão de dólares para passar 10 anos afastado vivendo o período escolhido. O que o tal cara ganharia em troca? Diversão. Depois de ser atingido 2 vezes por um raio, o tal sujeito virou uma espécie de 'mago do mal', e concede esses desejos a seres como Ernesto, para poder ve-los se ferrar duplamente. O pobre, achando que tirou a sorte grande, volta no tempo e percebe que muitas regras não lhe foram explicadas, e que as coisas podem ficar ainda piores do que já estão.

Narrado pelo autor do conto que deu origem ao filme, o filme foi das poucas comédias que assisti até agora no Festival, e valeu muito a pena. Poderia ser ainda melhor se o protagonista fosse menos comodista e tentasse só um pouco fazer as coisas valerem a pena. Do jeito que ficou, é uma comédia sem compromisso, de diálogos ágeis e bem inteligentes, e que garante 1 h e 40 de diversão genuína.


NOTA: C+

* O Caçador:


Willem Dafoe veio ao Festival do Rio ao lado do diretor Abel Ferrara para promover o novo longa '4:44', que acaba de ser lançado mundialmente no Festival de Veneza. O filme era dos mais aguardados do Festival, e agora parece que terá sua exibição cancelada por conta da cópia ruim que veio até a mostra. Resumo: Ferrara ganhou férias na cidade maravilhosa (e nublada), e Dafoe teve que acabar divulgando outro longa que também veio protagonizado por ele. Ingrata tarefa a de divulgaralgo ruim, né Dafoe? Difícil imaginar que o filme de Ferrara fosse menos digno que esse.

O filme mostra uma espécie de caçador de recompensas ao redor de serviço pelo mundo, que é contratado na primeira cena para ir a Tasmânia porque ouviu-se falar que o lendário tigre de lá não estivesse extinto, e que um último exemplar rondaria as montanhas geladas da região. Parte o camarada para os confins, e o que acontece? O de sempre. Uma mulher solitária para se apaixonar, crianças adoráveis para adota-lo como pai, arrumar confusão com os locais que não querem sua região explorada e depredada, e o tal encontro com o ser mítico... que pode ocorrer ou não.

Ao menos a ridícula mensagem de 'ame a natureza' é deixada para trás nos últimos minutos. Não que eu seja a favor de desmatamento ou destruição da fauna mundial, o discurso empregado no filme é que caminhava a passos largos rumo ao brega. Felizmente desse mal o filme foge... Dafoe, é o grande ator de sempre e não decepciona; Frances O'Connor e Sam Neill são um 'grande nada' em cena, pra compensar. Com um ritmo bem lento, pouco vale a pena no filme além do talento sem fim de um ator que escorrega bem mais que acerta, mas que não conseguimos nunca deixar de admirar.


NOTA: D+

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